A noite passada não correu nada bem.....por volta das 4h30 da manhã, acordámos com um estrondo no quarto do Vi e da Amélia e fomos a correr ver o que se tinha passado.
O nosso Vicente tinha tomado contacto direto com o chão do quarto e visto a sua consistência.....resultado, golpe na testa e bem fundo....susto dos pais, um grande susto dos pais, falta de ar dos pais, tremor nas pernas dos pais, quase desmaio dos pais, primeiro o Marco e depois eu, e com muito esforço, depois de limpa a ferida e de esta ser posta a gelo, lá consegui chamar a Constança para ajudar o Vi enquanto os pais se recompunham....depois claro, até ela pediu para se ir embora....até podia não ser a pior ferida do mundo, mas para nós, a nossa grande aflição, era ver o nosso menino ferido.
Já recompostos, fomos com ele para a sala para controlar o vomito e ver se não adormecia.
Nada disso aconteceu, pouco chorou pois já sabe que, quando se faz um dói dói se coloca gelo, por isso esteve o tempo todo quietinho, como o menino lindo que ele é.
O sangue estagnou, colocámos Betadine e depois de quase uma hora a brincar com ele, pareceu-nos bem disposto e fomos todos dormir. No dia seguinte, por precaução, fomos conhecer uma clinica em Luanda.
Ao abrigo do seguro de saúde do Marco, deveríamos ir à clinica da Sagrada Esperança, situada na ilha de Luanda. Confesso que estava aterrorizada, imaginava mil cenários, tinha receio que fosse preciso ser suturado, enfim, imaginei um grande filme, e mais não digo, pois para os avós, este post já vai ser duro, imaginem com detalhes da minha imaginação, sempre pródiga e fã de filmes de terror....vou calar-me!!!!
Ao chegar à Clinica, e pensava eu ser uma coisa pequena, deparo-me com o Hospital de Santa Maria e uma Cuf na ala pediátrica....tudo no mesmo sítio. Muito asseado (há sempre alguém a varrer o chão e se não desviarem os pés, até estes são varridos), sempre médicos de um lado para o outro (de bata branca e asseada (não julguem outras coisas, nem gajos parecidos com feiticeiros de voodo), tudo organizado por especialidades, espaços de recepção ao doente com filas organizadas, pessoal sempre com um sorriso e pronto a ajudar quem se perde lá dentro como nós, enfim, um hospital à séria!!
Chegados à ala dos bebês e crianças, vi uma sala cheia, com bebês e crianças, uma senhora a varrer o chão (sempre), salas de médicos semelhantes às da Cuf ou ao centro de saúde de Alvalade (para quem conhece), tudo limpinho e bem identificado, sala de enfermeiras, sala de bebês, sala de muda fraldas, enfim, tudo como deve ser. Fiquei ainda mais descansada. Faltava o mais importante, fazer o rastreio e ver se seria preciso ou não o nosso Vi levar um ponto!!! Depois de aceite o seguro, ficámos à espera 10 minutos até que a senhora enfermeira, com a sua bata cor de rosa, nos chamou para falar connosco...pesou o Vicente (para a avó saber, tem 15,600), mediu a temperatura (sem febre) e pediu-nos para lhe contar o sucedido. A seguir, e depois de mais 5 minutos de espera, ouvimos o nome do Vicente. Entrámos. O médico era uma pessoa imponente, alta, nos seus 50 ou 60 anos, bem disposto, com sotaque francês e a carregar nos RR e que após ter observado o corte, e por precaução, nos encaminhou para a cirurgia pediátrica, um corredor abaixo do sítio onde estávamos.
Durante o caminho só pensava na sorte do Vi não ter aberto a cabeça. E depois de ter agradecido a Deus esse facto, lembrei-me novamente de onde estava, e a caminho do serviço de cirurgia e dos imensos filmes do Rambo que tinha visto, e de como ele tinha sido corajoso a cozer-se sozinho!!! Bolas, provavelmente iriam cozer o meu filho a sangue frio e ele ficaria traumatizado para o resto da vida. No que toca a filhos e mesmo crianças, sou dramática, não gosto que sofram, antes nós certo?
A primeira vez que estive em micro cirurgia com uma filha minha foi há 9 anos atrás, tinha a Constança dois anos e ao tomar banho, escorregou e bateu com o sobrolho na calha das portas de correr da banheira. Lá fomos nós, o casal branco de tão agoniados que estávamos com tanto sangue para o hospital e após uma imensa gritaria (óbvio) lá levou 4 pontos a sangue frio!!! Insensíveis os médicos naquela altura não?!?
Depois foi a vez da Amélia, no primeiro dia do Pré-escolar, molhou-se toda na casa de banho a brincar com garrafas de água e ao segundo dia, no parque da escola, na barra das paralelas, cai e trinca a língua ao meio....lá foi a mãe ( o pai não estava cá ) para a Cuf com a escola para lhe cozer a língua....uma injeção para a anestesia e outra para começar a cozer....resultado, como não conseguíamos passar do 1. Ponto, o médico resolveu desistir e dizer-me que não valia a pena levar mais suturas pois a língua é o órgão do corpo que mais rápido se regenera....então porque é que foi preciso aquilo, aquele drama todo, para no final me dizerem que não era preciso levar pontos?!?! ahhhhhhhhhrghhhh!!!!! .....e foi!!! Ao fim de uma semana, estava melhor e ao fim de duas, já não tinha nada...e eu juro que quando cheguei ao pé dela naquele dia, ela falava imenso e tinha a língua pendurada....blahhhhh, fiquei branca.....ainda hoje me lembro daquela imagem!!! Não havia necessidade!
Portanto, e no caso do Vicente, impunha-se também Marcá-lo com o símbolo dos Moita, tal como um criador de gado, marca a sua manada de carneiros....(só aqui em casa somos 3 carneiros, um escorpião e um virgem).......eu estou a brincar ok?
Chegados à sala, descansei ainda mais.......conhecemos um ex médico do hospital dos Lusiadas, chefe do serviço de cirurgia do hospital.
Também muito bem disposto, na casa dos 50 anos, com todo o tempo do mundo e que após uma análise à ferida do Vicente, sugeriu que levasse 1 ponto de forma a cicatrizar o mais discreto possível! E aí fomos nós para a marquesa. Cabeça agarrada pelo pai, cócegas para relaxar, beijinhos na barriga e festinhas nas perninhas dadas pela mamã! tinha chegado a hora do papá Marco agarrar
firmemente na cabeça, e eu nos braços e nas pernas, tal como os filmes do Saw mostram, antes de alguém ser cortado às postas ( eu já vos disse que adoro, adoro, filmes de terror?) e após uma leve injeção de que o Vi não se queixou, foi então aplicado de forma suave e ao som de um grito estridente e agudo, 1 PONTO ao nosso bebê da casa.
Doeu-nos mais a nós que a ele e ainda bem. O meu menino provou mais uma vez que é forte (em comparação com os pais que quando vêem o sangue das crias, ficam brancos e quase desmaiam) e que está no caminho certo para se tornar o próximo Jason Statham!!! Careca como o pai e cheio de cicatrizes como o Jason...
Há males que vêem por bem, e com esta experiência, já pudemos conhecer a realidade médica e de saúde aqui em Luanda.
Estou mais descansada e apesar de ter corrido bem e de ter sido uma mini aventura, sei que na próxima situação, daqui a muitos anos (espero eu) vai tudo correr bem! Ah, e não paguei nada pois situações como esta, fica ao abrigo do seguro de saúde. Aliás, aconselha-se sempre, um seguro de saúde, para quem vem viver para aqui, pois de outra forma, torna-se caro!! No entanto, e por confidência do médico, e segundo a sua experiência, é mais caro ser atendido nos Lusíadas em Lisboa. E esta hein? Ainda há coisas fantásticas não há?
Pelo médico cirurgião soubemos, após ele perguntar se o Vi tinha as vacinas em dia (o médico: "claro que tem"), que os bebês e crianças de Angola, apesar de ser obrigatória a vacinação, estes não recebem vacinas nenhumas, como recebem os nossos bebês em Portugal. Chocante!!!!!!
Daí ainda haver muita mortalidade infantil em Angola. Com tanto dinheiro a passear por aqui sob várias formas, bem que podia haver dinheiro para as coisas mais básicas e que trazem qualidade de vida à população, como a saúde, o saneamento básico, a água potável e a electricidade em casa....coisas que só 20% dos angolanos tem!!
São situações como esta que nos permitem dar valor àquilo que temos.
Dou graças a Deus por ter sido preciso apenas um ponto para tratar o meu bebê e por ele ter nascido um priveligiado, pois no Pais dele, a vacinação é obrigatória.
Bjs amigos, fiquem bem!!!
Um susto de cortar a respiração, ao acordar o que me ri com a tua furna de escrever ;)
ResponderEliminarBeijos.
Abraçinho doce para o meu vi :)
Eu dou com todo o gosto...se souber quem é?!?!?
Eliminarfico à espera que te reveles...bjs
Metam almofadas no chão pa!
ResponderEliminarAs melhoras para o Rambo Vicente e beijos para todos
Ricardo Moita
Oh pá és tu!!!! O padrinho do Rambo!!!! Bjs grandes para ti de todos e um especial do teu afilhado!!!!
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